quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

CHUVA FORTE SE APROXIMA DO RJ

Defesa Civil de Campos, RJ, faz novo alerta sobre problema em comporta

Rompimento poderia atingir cerca de 40 mil famílias da baixada campista.
Trecho da BR-356 se rompeu em 2012 e está interditado até hoje.

Novos trechos da BR-356 apresentam rachaduras e chuvas podem piorar situação (Foto: Priscilla Alves/G1)Novos trechos da BR-356 apresentam rachaduras e chuvas podem piorar situação (Foto: Priscilla Alves/G1)

Há mais de 60 anos a galeria de uma comporta localizada em um trecho da BR-356 apresenta problemas estruturais. Segundo a Defesa Civil de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, a situação da galeria nos últimos anos é considerada crítica e pode ainda piorar até o mês de abril, período de enchentes. A galeria está localizada no Canal Cambaíba, entre as cidades de Campos dos Goytacazes e São João da Barra.
Segundo um estudo feito pela Fenorte (Fundação Estadual do Norte Fluminense) , o desgaste das terras próximas da comporta e da BR-356 pode causar ainda outro problema: uma enchente em Campos poderia 'jogar água' no canal e, como consequência, afundar uma parte da BR-356 e ainda alagar vários bairros da cidade.
Também segundo este estudo, entre os bairros que podem ser atingidos estão Vila Menezes, Novo Jóquey, Penha, Donana, o distrito de Goytacazes e outras localidades da baixada campista.
"O problema existe há muito tempo. Fizemos um estudo em 2001, quando entramos na galeria e percebemos várias rachaduras. Não adianta consertar em cima, se a terra está toda comprometida por baixo. O asfalto sempre vai ceder. Se com meio metro de comporta aberta toda a Vila Menezes foi alagada, imagine se a comporta se romper? Toda a baixada campista será atingida”, explicou José Carlos Mendonça, agrometeorologista da Uenf, coordenador do grupo responsável pelo diagnóstico feito em 2001 no local.
As chuvas, o desgaste da rodovia, o encharcamento do solo e os caminhões carregados que passam pela BR-356 podem agravar ainda mais a situação. Para se ter uma dimensão do estrago, segundo a Defesa Civil de Campos, mais de 40 mil famílias podem ser afetadas. A Defesa Civil já pensa em acionar o Ministério Público Federal para buscar uma solução rápida.
“Se o rio estiver cheio pode causar uma inundação em toda a baixada campista, já que a região fica abaixo do nível da BR-356. O desastre seria de proporções gigantescas e nós queremos cobrar providências para evitar uma tragédia. Motoristas que passam pela rodovia podem morrer se a pista ceder e várias pessoas podem ter suas casas alagadas”, disse Henrique Oliveira, secretário da Defesa Civil de Campos.
Professor José Carlos Mendonça mostra fotos tiradas dentro da galeria em 2001 (Foto: Priscilla Alves/G1)O professor José Mendonça mostra fotos tiradas
dentro da galeria em 2001 (Foto: Priscilla Alves/G1)
Entenda o problema
Segundo o professor da Uenf, José Carlos Mendonça, a galeria da BR-356 foi construída por uma indústria açucareira na década de 40. As rachaduras começaram a surgir logo na década de 50 e o problema se acentuou ao longo do tempo. Alguns anos depois, já na década de 80, uma outra comporta foi construída próxima ao local. O problema é que a comporta antiga, continuou recebendo águas do Rio Paraíba do Sul.
Em 1997, as rachaduras começaram a surgir nas margens da rodovia e a estrada começou a ser afetada. Em 2001, uma equipe da Fenorte, coordenada pelo professor da Uenf, fez um estudo no local. A inspeção detectou várias rachaduras no interior da galeria.
No verão de 2012, mais uma vez o trecho da BR-356 que passa pelo canal Cambaíba, se rompeu. Desde então, um trecho da pista está interditado.
Secretário Henrique Oliveira mostra preocupação com moradores da Baixada Campista (Foto: Júnior Marins/ InterTv RJ)O Secretário de Defesa Civil, Henrique Oliveira, está
preocupado com os moradores da Baixada Campista
(Foto: Júnior Marins/ InterTv RJ)
No primeiro semestre de 2012 o Dnit começou a fazer obras de recuperação do local, mas as obras foram interrompidas por problemas operacionais, segundo o Dnit. Agora, a expectativa é que as obras recomecem em março deste ano.
Segundo informaram o professor da Uenf e o secretário da Defesa Civil, as obras para resolver o problema são de responsabilidade do Dnit e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A reportagem do G1 entrou em contato com os dois órgãos através de telefonemas e de e-mails, mas não obteve resposta

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