Defesa Civil de Campos, RJ, faz novo alerta sobre problema em comporta
Rompimento poderia atingir cerca de 40 mil famílias da baixada campista.
Trecho da BR-356 se rompeu em 2012 e está interditado até hoje.
Novos trechos da BR-356 apresentam rachaduras e chuvas podem piorar situação (Foto: Priscilla Alves/G1)Há mais de 60 anos a galeria de uma comporta localizada em um trecho da BR-356 apresenta problemas estruturais. Segundo a Defesa Civil de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, a situação da galeria nos últimos anos é considerada crítica e pode ainda piorar até o mês de abril, período de enchentes. A galeria está localizada no Canal Cambaíba, entre as cidades de Campos dos Goytacazes e São João da Barra.
Segundo um estudo feito pela Fenorte (Fundação Estadual do Norte Fluminense) , o desgaste das terras próximas da comporta e da BR-356 pode causar ainda outro problema: uma enchente em Campos poderia 'jogar água' no canal e, como consequência, afundar uma parte da BR-356 e ainda alagar vários bairros da cidade.
Também segundo este estudo, entre os bairros que podem ser atingidos estão Vila Menezes, Novo Jóquey, Penha, Donana, o distrito de Goytacazes e outras localidades da baixada campista.
"O problema existe há muito tempo. Fizemos um estudo em 2001, quando entramos na galeria e percebemos várias rachaduras. Não adianta consertar em cima, se a terra está toda comprometida por baixo. O asfalto sempre vai ceder. Se com meio metro de comporta aberta toda a Vila Menezes foi alagada, imagine se a comporta se romper? Toda a baixada campista será atingida”, explicou José Carlos Mendonça, agrometeorologista da Uenf, coordenador do grupo responsável pelo diagnóstico feito em 2001 no local.
As chuvas, o desgaste da rodovia, o encharcamento do solo e os caminhões carregados que passam pela BR-356 podem agravar ainda mais a situação. Para se ter uma dimensão do estrago, segundo a Defesa Civil de Campos, mais de 40 mil famílias podem ser afetadas. A Defesa Civil já pensa em acionar o Ministério Público Federal para buscar uma solução rápida.
“Se o rio estiver cheio pode causar uma inundação em toda a baixada campista, já que a região fica abaixo do nível da BR-356. O desastre seria de proporções gigantescas e nós queremos cobrar providências para evitar uma tragédia. Motoristas que passam pela rodovia podem morrer se a pista ceder e várias pessoas podem ter suas casas alagadas”, disse Henrique Oliveira, secretário da Defesa Civil de Campos.
O professor José Mendonça mostra fotos tiradas
dentro da galeria em 2001 (Foto: Priscilla Alves/G1)
dentro da galeria em 2001 (Foto: Priscilla Alves/G1)
Entenda o problema
Segundo o professor da Uenf, José Carlos Mendonça, a galeria da BR-356 foi construída por uma indústria açucareira na década de 40. As rachaduras começaram a surgir logo na década de 50 e o problema se acentuou ao longo do tempo. Alguns anos depois, já na década de 80, uma outra comporta foi construída próxima ao local. O problema é que a comporta antiga, continuou recebendo águas do Rio Paraíba do Sul.Em 1997, as rachaduras começaram a surgir nas margens da rodovia e a estrada começou a ser afetada. Em 2001, uma equipe da Fenorte, coordenada pelo professor da Uenf, fez um estudo no local. A inspeção detectou várias rachaduras no interior da galeria.
No verão de 2012, mais uma vez o trecho da BR-356 que passa pelo canal Cambaíba, se rompeu. Desde então, um trecho da pista está interditado.
O Secretário de Defesa Civil, Henrique Oliveira, está
preocupado com os moradores da Baixada Campista
(Foto: Júnior Marins/ InterTv RJ)
No primeiro semestre de 2012 o Dnit começou a fazer obras de recuperação do local, mas as obras foram interrompidas por problemas operacionais, segundo o Dnit. Agora, a expectativa é que as obras recomecem em março deste ano.preocupado com os moradores da Baixada Campista
(Foto: Júnior Marins/ InterTv RJ)
Segundo informaram o professor da Uenf e o secretário da Defesa Civil, as obras para resolver o problema são de responsabilidade do Dnit e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A reportagem do G1 entrou em contato com os dois órgãos através de telefonemas e de e-mails, mas não obteve resposta
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