Organizações da sociedade civil pedem fechamento de siderúrgica no Rio

Organizações da sociedade civil pedem fechamento de siderúrgica no Rio

Relatório denuncia impactos socioambientais causados pela empresa

A campanha Pare a TKCSA!, integrada por mais de 150 ONGs (organizações não governamentais), movimentos populares nacionais e estrangeiros e participantes individuais, enviou na última sexta-feira (28) a possíveis empresas interessadas na compra da planta da Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) um relatório com documentos oficiais e denúncias de impactos socioambientais causados pela empresa na zona oeste do Rio de Janeiro desde a instalação.

A campanha quer ainda a revogação da licença de instalação da empresa e seu fechamento, segundo um dos coordenadores do movimento, Gabriel Strautman, da ONG Justiça Global. Ele defendeu que o local onde está instalada a TKCSA seja ocupado por um empreendimento não tóxico, a exemplo de uma universidade ou uma escola técnica popular. A medida, segundo o ativista, vai beneficiar a população local e gerar desenvolvimento.

A venda da participação do grupo alemão Thyssen Krupp na CSA, equivalente a 73% do capital, só poderá ser efetivada com a anuência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), principal credor da empresa. Os restantes 27% das ações são propriedade da mineradora Vale. A siderúrgica foi instalada em 2006, no bairro de Santa Cruz.
O BNDES aprovou duas operações de financiamento para a TKCSA. A de maior valor (R$ 1,48 bilhão) foi contratada em 2007, enquanto a outra foi concedida em 2010, no valor de R$ 920 milhões. O banco, porém, não tem participação na empresa. A assessoria de imprensa da instituição informou que, a exemplo do que ocorre em qualquer projeto financiado pelo banco, há necessidade de concordância da parte do BNDES para a mudança de controle, uma vez que pode implicar também em mudança de titularidade do devedor.

O movimento Pare a TKCSA! questiona a maneira como a venda está sendo feita.
—A empresa tem um enorme passivo socioambiental e financeiro que não foi respeitado. O relatório diz que o BNDES, enquanto financiador, terá que responder judicial e administrativamente por ter concedido empréstimos à companhia que não possui até hoje licença de operação.

Procurada, a Thyssen Krupp não se manifestou sobre essa acusação. A assessoria do BNDES informou, por sua vez, que a concessão de financiamento para qualquer empresa só pode ocorrer após o cumprimento de exigências legais. Um dossiê com relato das violações provocadas pelo empreendimento foi entregue à presidência do BNDES em fevereiro de 2009.

A assessoria da TKCSA disse que não há data limite para a entrega das propostas pelos grupos interessados em adquirir o controle da empresa. Além disso, a Thyssen Krupp não está liberando qualquer informação sobre os prováveis investidores que disputam o negócio. Em nota, a empresa informou que está analisando “todas as opções para as plantas de aço das Américas (Steel Americas), no Brasil e nos Estados Unidos”, podendo a negociação “acarretar em parceria ou venda”.