Justiça Militar condena ex-PMs acusados de liberar carro de atropelador de filho de Cissa Guimarães
Eles vão pegar cinco anos de prisão por três crimes.
A última audiência, realizada no dia 12 de julho de 2012, foi adiada porque os dois advogados de defesa dos policiais não compareceram. Um deles alegou problemas de saúde, mas não apresentou atestado. O segundo disse que estava chegando, mas, diante do atraso de mais de uma hora e meia, o juiz Marcius da Costa Ferreira decidiu adiar a sessão.
O ex-sargento Marcelo José Leal Martins e o ex-cabo Marcelo de Souza Bigon respondem à acusação de corrupção ativa, falsidade ideológica e descumpri mento de função. Eles teriam aceitado dinheiro do pai do atropelador de Rafael para liberar o motorista após o acidente. O atropelamento ocorreu em julho de 2010, quando Mascarenhas andava de skate no túnel Acústico, na Gávea, zona sul do Rio.
Relembre o caso
Em 20 de julho de 2010, Rafael Mascarenhas, de 18 anos, morreu ao ser atropelado enquanto andava de skate no túnel Acústico, na Gávea, na zona sul do Rio. A galeria estava interditada para manutenção. Segundo a polícia, um grupo de jovens dividido em dois carros seguia em direção à zona oeste e usou a saída de emergência, no meio do túnel, para retornar à zona sul, passando pelo local que estava bloqueado.
De acordo com as investigações, um dos veículos, que era guiado por Rafael Bussamra, de 25 anos, atingiu Mascarenhas, fugindo sem prestar socorro. Skatistas amigos do músico, que estavam com a vítima no momento do atropelamento, disseram à polícia que os motoristas dos dois carros disputavam um racha.
Mascarenhas chegou a ser levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, que fica a poucos metros do local do acidente, mas ele não resistiu aos ferimentos.
Durante as investigações, a Polícia Civil do Rio descobriu que, depois do atropelamento, Bussamra foi abordado por policiais militares —o sargento Marcelo José Leal Martins e o cabo Marcelo de Souza Bigon — que atuavam no Batalhão do Leblon (23º BPM).
No entanto, em vez de preservarem o local do atropelamento, prestar auxílio à vítima e conduzir o suspeito para a delegacia, os dois PMs decidiram aceitar propina do pai de Bussamra, Roberto Martins Bussamra. Segundo as investigações, ele foi acionado por telefone, quis livrar o filho de uma investigação e de um processo, subornando os policiais.
Ainda de acordo com as investigações, além de aceitar a vantagem, os policiais saíram do posto de patrulhamento onde deveriam ficar para escoltar o carro do atropelador. Pela manhã, eles teriam recebido de Roberto R$ 1.000, como parte do pagamento para que as providências cabíveis não fossem tomadas.
Indiciamento
Com a descoberta da negociação, a delegada Bárbara Lomba (15ª DP) indiciou Rafael Bussamra por homicídio doloso, quando há intenção de matar, já que havia indícios de que ele disputava um pega no momento do acidente. Ele também responde pelos crimes de fraude processual, por ter levado o carro para a oficina após o atropelamento, fuga do local do acidente e corrupção ativa. O pai do acusado também foi indiciado pelo último crime. Os dois admitiram em depoimento que pagaram R$ 1.000 aos PMs.
No dia 7 de dezembro de 2010, o juiz do 2º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, Paulo de Oliveira Lanzelotti Baldez, determinou penas alternativas para os demais acusados de participar do racha.
De acordo com a decisão, Gabriel Henrique de Souza Ribeiro, que dirigia o outro carro envolvido na disputa, teve que pagar dez salários mínimos ou cestas básicas à Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação e teve a carteira de motorista suspensa por um ano. Guilherme de Souza Bussamra, irmão de Rafael Bussamra, pagou a metade do valor em dinheiro ou cestas básicas, para a mesma instituição.
Local onde filho de Cissa Guimarães foi atropelado foi palco de homenagens para o rapaz
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