Desabamento no Rio |
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Seis meses após desabamento no centro, famílias
de vítimas desaparecidas choram o “vazio"
Avó de mulher morta na tragédia acha que neta está trabalhando fora do país
Cinco corpos não foram encontrados em meio aos escombros
Seis meses se passaram desde a tragédia, que deixou outros 21 mortos. Com o tempo, Vera aprendeu a administrar a dor, mas chora toda vez que precisa mentir para a própria mãe, de 84 anos. A avó de Yokania não sabe sobre a morte da neta.
— Esse vazio dói demais, é uma coisa que escondo da minha mãe, por exemplo. Digo que ela está viajando. Ela [a avó] conversa imaginariamente com a Yokania pelo telefone. Às vezes, eu ligo e falo como se fosse a minha filha. Ela acha que a neta está no exterior, trabalhando e ganhando bem.
Em 12 de junho, Vera recebeu em casa a certidão de morte presumida da filha, documento conseguido graças ao esforço da Defensoria Pública do Rio. Junto com a papelada, estava uma guia de sepultamento. A mãe de Yokania ficou revoltada.
— Como me dão uma guia de sepultamento, se não encontraram a minha filha? Não tenho nem onde orar, pois não pudemos fazer o enterro. Eu recebi isso como um tapa na cara.
Outras quatro pessoas sumiram sem deixar rastros na montanha armada pelas toneladas de entulho do edifício Liberdade e seus dois vizinhos. Priscila Montezano era a mais jovem delas. Aos 23 anos, trabalhava no local desde o fim de dezembro. A dor de parentes é quase insuportável. Em entrevista à Rede Record, a mãe, Maria Montezano, pediu justiça.
— Hoje, nós somos uma família doente. Esperamos que as pessoas culpadas paguem por isso.
O analista de sistemas Marcelo Rebelo, 48 anos, deixou a mulher e uma filha de seis anos. Ana Cristina Silveira, 51 anos, que trabalhava no escritório de contabilidade do marido, tinha dois filhos, um de 19 e outro de 22 anos. A pedagoga Sabrina Travassos morreu aos 30 anos. O pai dela sente falta da companhia. A mãe se trata com remédios controlados.
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