sexta-feira, 11 de maio de 2012

Acusados de matar Celso Daniel são condenados


Acusados de matar Celso Daniel são condenados

O júri aconteceu durante todo dia no Fórum de Itapecerica da Serra.

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Segundo a decisão do juiz, as penas foram: Ivan Rodrigues da Silva foi condenado a 24 anos de prisão; Jose Edison da Silva, a 20 anos; e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira foi punido com 18 anos de detenção.
Os três acusados de matar Celso Daniel, então prefeito de Santo André, foram condenados na noite desta quinta-feira (10). Segundo a decisão do juiz, as penas foram: Ivan Rodrigues da Silva foi condenado a 24 anos de prisão; Jose Edison da Silva, a 20 anos; e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira foi punido com 18 anos de detenção.

Inicialmente, todos devem cumprir a pena em regime fechado. Rodolfo teve uma pena menor porque, na época do crime, era menor de idade.
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O júri aconteceu durante todo dia no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e foi marcado por abando da tribuna, relatos de tortura e trocas de acusações entre os advogados da defesa e o promotor do caso.
O julgamento começou às 11h e, das 13 testemunhas previstas para serem ouvidas, algumas faltaram e outras foram dispensadas. Com isso, não houve depoimento de testemunha, apenas o interrogatório dos três réus.

Os três réus, Jose Edison da Silva, Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira e Ivan Rodrigues da Silva, negaram participação no assassinato do prefeito e desmentiram depoimentos anteriores nos quais haviam confessado o crime. José e Rodolfo afirmaram ter confessado o envolvimento na morte sob tortura.

O réu Ivan disse “não se lembrar” de depoimentos anteriores, mas também afirmou ter recebido ameaças. Ele contou ainda que morava no Estado do Paraná na data do crime, e que estava em casa quando o prefeito foi morto.

O promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho voltou a afirmar nesta quinta que o crime teve motivação política. Disse ainda que o assassinato tem “cabeça, corpo e membros”. Em sua argumentação, Carvalho disse que as investigações realizadas pelo Ministério Público apontaram que o empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, foi o mandante do crime.

— Sombra precisava de alguém para fazer o serviço sujo, precisava de um time forte, um time competente para tal. 
Promotoria x Defesa

A advogada de defesa do réu José Edison, Patrícia Ramuni, afirmou que o processo sobre a morte de Celso Daniel é "recheado de mentiras e provas forjadas". Segundo a defensora, nas mais de 7.000 páginas não há nenhuma prova de que os três acusados pelo assassinato, que estão em julgamento, realmente cometeram o crime.

— Se condenarmos os três, nós estaremos engordando a lista da injustiça.
Luiz Antônio Pires, advogado de Ivan Rodrigues da Silva, afirmou novamente que o seu cliente confessou o crime porque foi torturado e disse que "o Brasil ainda tem resquícios da ditadura".
O advogado de Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, José Ribamar Baimo,  disse que não há provas reais de que o seu cliente participou do assassinato e que ele só teria assumido o crime porque foi torturado. O advogado afirmou ainda que o DNA de Rodolfo não foi encontrado no carro usado para sequestrar Celso Daniel.
Em sua réplica, o promotor afirmou que a defesa dos acusados de matar Celso Daniel está tentando enganar os jurados ao dizer que não há provas do envolvimento dos réus no crime.

Abandono de tribuna
No julgamento desta quinta-feira, estava previsto que cinco acusados fossem julgados. Os advogados dos réus Itamar Messias dos Santos e Elcyd de Oliveira Brito, porém, abandonaram o plenário do Fórum, adiando o julgamento de seus clientes.

Os defensores alegaram que não teriam tempo para fazer uma defesa técnica com apenas 30 minutos cada um. O advogado de Santos, Airton Jacó Gonçalves, chegou a pedir o desmembramento do processo para que seu cliente fosse julgado individualmente. Como o juiz Antônio Hristov recusou essa tentativa, ele tomou a decisão de abandonar a tribuna.

Já a advogada de Brito, Ana Lúcia dos Santos, afirmou que - com a nova data e com mais tempo de exposição no júri - seu cliente poderá "ter uma defesa digna". Ela ainda tenta, entretanto, o desmembramento do processo para que Brito seja julgado sozinho.

Família
O irmão de Celso Daniel diz acreditar no envolvimento de outros participantes na morte do então prefeito de Santo André, em 2002. Para Bruno Daniel, “há coisas ainda para serem descobertas”.

— Acho que as coisas vão avançar na medida em que os fatos sejam elucidados. Por exemplo, é difícil imaginar que o Sombra tenha agido de maneira isolada. E há coisas ainda para serem julgadas, no que se refere ao esquema de caixa 2 na prefeitura de Santo André.

Bruno, que estava no Fórum de Itapecerica da Serra, acompanhando o julgamento de três acusados pela morte do irmão, considerou “brilhante” a explanação do promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho.

— Ele conseguiu amarrar a prova e os fatos para mostrar que os réus são culpados. Há uma infinidade de dados que ligam os réus ao crime.

Ele disse que ainda aguarda o julgamento do Sombra

Morte
Ex-professor universitário, deputado e prefeito da cidade do ABC pela terceira vez, Celso Daniel foi encontrado morto numa estrada de terra em Juquitiba (SP), alvejado por oito tiros, após dois dias de sequestro. Ele era o escolhido para coordenar a campanha que levaria o ex-presidente Lula ao poder

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